2 de fevereiro de 2010

Onde a vaca vai, o boi vai atrás



Essa semana a Channel Islands lançou na mídia um release falando da nova "invenção" do Kelly Slater. Uma prancha inspirada no fundo dos barcos de corrida, que apresenta
um "buraco" no fundo no qual a água é comprimida em um pequeno canal em forma de túnel e que fica encarregado de drenar todo ar e turbinar a prancha do careca.

E a notícia fez barulho, saiu em todos os sites especializados e deixou hordas de surfistas boquiabertos. Claro que as inovações são bem vindas. Sempre. A própria evolução do esporte depende disso. Mas também espera lá. Primeiro, e óbvio, é que Slater não é e nem nunca foi, um shaper para estar aí se dizendo designer de pranchas. E oura, a idéia nem é dele ou é nova. O nome disso é marketing. A grande verdade é que o nome de Slater vende MUITA prancha e toda essa badalação em torno dos novos models da Channel Island é mais marketing do que qualquer outra coisa.

Depois que a Burton (empresa originalmente do snowboard) comprou a Channel Islands do legendário Shaper Al Merrick, novos modelos, designs e inovações são anunciadas praticamente toda semana. Sempre alavancada no nome do Kelly ou das estrelas da marca. Marketing para vender prancha, normal.

Mas não esqueçam que essa idéia não é nova, muito menos original. O shaper brasileiro Homero Naldinho, lenda do surf santista (esse sim um visionário das plainas), já fazia pranchas como essa há muito tempo atrás. Como muito bem diz essa frase retirada da revista Trip 171 (outubro de 2008): “Homero praticamente inventou a profissão de shaper no Brasil, deixando legiões de seguidores/imitadores no Brasil e no mundo”

Ninguém discute o talento e a eficiência de Kelly. Isso é fato. Kelly e Mick Fanning, são os atletas que mais entendem de prancha no mundo. São inteligentes, observadores, detalhistas e passam muito tempo na sala de dois dos melhores shapers do mundo. Mas não são shapers. O que anda acontecendo, como muito bem disse o Xanadu no site Waves, é que a Burtin está tentanto arrumar um jeito para pagar os salários de Kelly, Rob Machado e cia.

Eu fico imaginando aqui as hordas de surfistas do mundo inteiro que hojem estão babando(e querendo) esse "brinquedinho" novo de Slater. Cegos pelos flashes da propaganda da Channel Island e mega-influenciados pelo departamento de marketing da Burton.

Agora, o modelo realmente funciona? Ou é papo pra boi dormir? Só o tempo dirá. Que o Kelly pode surfar bem com essa prancha mutante, disso eu não duvido mesmo. Já vi o Kelly surfando com porta, com mesa de centro, com patinete e com uma dezena de coisas absolutamente insurfáveis. E tenho certeza que ele pode quebrar com qualquer uma dessas pranchas. O cara é mágico, E.T., de borracha... Mas isso serve pra quem?

Só nos resta esperar e ver o que o careca vai fazer com o brinquedinho novo.

Fora essa prancha mutante ainda tem outras, também estranhas, como a prancha assimétrica e a alaia de Rob Machado.





Kelly Slater reflete, “I was convinced that a lower-volume board was what I wanted to be riding.” Nine world titles and a head of hair later, today Kelly’s picked up the planer himself and is intently engrossed in evolving the craft he rides. Convinced that “surfboards have been stale, boring, and safe” for years, he’s hoping that what he does in the water and in the shaping bay might help put the fun back in board design.

http://www.surfersjournal.com/journal_entry/alternative-takes

Um comentário:

  1. Com certeza alguém vai comprar e surfar... Pena que o surf não vem junto. rs Então paga-se o modismo a marca !!! Sobre o Homero Naldinho a lenda viva que eu conheço a uma cara, tudo que vc escreveu está correto e a palavra visionário foi perfeita...Abrax man

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