18 de novembro de 2010

Será esse o futuro do surf?

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KELLY SLATER WAVE COMPANY

Aos 38 anos de idade, depois de bater todos os recordes da ASP e de vencer seu 10° TÍTULO MUNDIAL DE SURF PROFISSIONAL, parece que Slater está mesmo pendurando a lycra de competição da ASP e vai curtir a sua aposentadoria do tour de e deixar, de uma vez por todas, de ser a pedra no sapato dos outros competidores.

Mas Slater não vai ficar no sofá com os pés pra cima. Kelly vai continuar pegando muita onda boa, sem dúvida. E vai se dedicar a alguns projetos bem especiais. Slater é novo demais para se aposentar. E parece que o careca ainda vai investir muito do seu tempo e dinheiro em alguns desses projetos.

O Julio Adler já havia afirmado que a grande questão não era se Kelly Slater seria o campeão do mundo, a questão era o quê ele faria depois de conquistar o décimo título mundial. A resposta, ou pelo menos uma parte dessa resposta, está na Kelly Slater Wave Company, um parque temático com uma onda perfeita e sem fim. Loucura? Nem tanto, os projetos já estão em andamento e, em breve, teremos o primeiro protótipo. O projeto é uma parceria entre Kelly Slater, Bob McKnight, chefe executivo da Quiksilver e mais algumas pessoas e promete revolucionar o surf moderno.

O conceito do projeto é a criação de uma piscina de ondas circular, desenhada e projetada pela Kelly Slater Wave Company, que proporcionará uma onda perfeita e sem fim, que pode ser montada em qualquer local. O tamanho e a freqüência das ondas poderão ser controlados e ajustados das ondas menores e mais fracas para as famílias e iniciantes até ondas tubulares, overhead com qualidade mundial para os atletas de ponta do tour. A piscina permite ainda que o fluxo seja revertido e os surfistas poderão escolher se preferem esquerdas ou direitas.

Além de ser uma onda sem precedentes na história, esse Surf Park oferecerá aos atletas profissionais a possibilidade de treinos específicos e funcionais, onde poderão repetir a mesma monobra quantas vezes for necessário, além de permitir que competições de alto nível sejam realizadas no parque de ondas do Kelly.

Slater já falava sobre as piscinas a algum tempo, quando dizia que talves teríamos piscinas boas o suficiente para realizarmos competições, e que o melhor surfista do mundo poderia sair de qualquer região do planeta, se tivesse chances de treinar numa piscina dessas.

Recentemente Slater deu uma entrevista a ESPN e ao Caio Salles e tocou nesse assunto das piscinas com onda.

Palavras de Kelly Slater:

“We need to make wave pools good enough to compete in, and by this summer we’ll have them. I’m working on building the best wave pool of all time. Six of us are part of a company, which we’re calling Kelly Slater Wave Company. My manager, Bob McKnight from Quiksilver, and a full-time wave scientist who works out of our office in Culver City are also part of it. We’ve been working on this for more than three years, and we’re building our test model in L.A. as we speak. Once we have the technology, we can potentially build these pools all over the world. I’m already thinking ahead, beyond pools, to how we can create a wave-generating system and sink it into lakes, as long as it doesn’t screw up the environment. Eventually, I’d love to see a Tour that incorporates a couple of stops on these waves.

If we had a wave pool that produced a good enough wave for all the guys, and you could just repeat things over and over and over again and get so good at everything. That’s one way we could have an enclosed area and really have performance surfing



Essa tecnologia a que Kelly se refere, chamada de Surf the Ring, criada por Kevin Roberts, promete ser diferente e tem um real potencial para impactar o surf competição como nunca antes foi possível, colocando o surf nas olimpíadas e permitindo que algumas etapas da ASP sejam realizadas em ondas artificiais.




SURF THE RING




www.webberwavepools.com


O SURF NA TV E NAS OLIMPÍADAS

Há muitos anos se fala e se deseja que o surf se torne um esporte olímpico e mais sério, com espaço na tv e um volume de investimentos maior para o esporte como um todo. Muito e há muito se fala sobre isso. Mas o que é sonho para muitos, é o um pesadelo para tantos outros, pois o mesmo dinheiro que vai colocar o surf em evidência, é o que vai tirar a sua verdadeira essência. Para muitos, esse assunto era como aquela história de vender a alma para o diabo.

Na sua essência, o surf é um esporte livre por natureza e que envolve somente as ondas, o surfista e a sua prancha. Um esporte quase hippie onde todos nós, surfistas, somos obrigados a entrar em contato com a sintonia das ondas universais. Os ventos, as marés e as ondulações, juntos, fazem com que algumas praias, reefs, points ou lages de pedra, criem ondas perfeitas (ou no mínimo razoáveis) para a prática do surf. É sempre a natureza quem manda. E com a entrada do surf na TV ou nas Olimpíadas, nosso esporte perderia a sua alma e daria poder de decisão na mão de pessoas que nunca surfaram e que nunca viveram o surf.

Para melhorar a audiência e para se adaptar a regras olímpicas seríamos obrigados a mexer no conceito, na estrutura e nos moldes do esporte e de sua estrutura competitiva.

Já possuímos alguns exemplos de baterias que, esperando o OK do Sportv (que apresentava os comentários de um jogo de volley que já havia acontecido uma semana antes), perderam o momento. Explico, enquanto todos ficaram esperando pelo sinal da TV, o vento entrou, estragou as ondas e deixou o mar sem ondas e com forte vento maral. Acabou com o surf, a exibição na tela ficou horrível e os atletas piraram. Deu tudo errado.

Certa vez, em um almoço com o Edinho Leite e com o Bira Schauffer em Porto Alegre durante o Congressurf, comentávamos sobre a mídia, e ambos foram enfáticos sobre isso: “o surf já tem a sua tv: a internet”. E realmente, pensando em mostrar ao mundo as ondas e as competições internacionais, o surf rapidamente se moldou a internet, que se transformou numa TV poderosa e com seu foco e público-alvo 100% ajustado. E sinceramente, eu penso que o surf não precisa da frieza competitiva dos esportes olímpicos e nem da mega-popularidade da tb averta. O surf é aventura, é desafio, estilo de vida, arte e um esporte livre.

Mas estes são conceitos antigos e o projeto do Kelly Slater, com a força da Quiksilver por trás, mostra que esse caminho até as olimpíadas e a TV pode funcionar sim, e muito bem. Todos queremos respeito aos nossos atletas, reconhecimento do surf como um esporte profissional, e mais projeção na mídia para atrair mais investimentos. E é justamente aí, que as piscinas com onda caem como uma luva, com ondas sempre perfeitas, controláveis, que quebram perfeitas o dia todo, que não dependem de swell ou do vento. É o sonho de qualquer surfista, organizador de evento ou patrocinador.

Desta maneira o surf pode sim ir para a TV e para as olimpíadas sem perder a sua essência. Tudo vai mudar, com toda certeza. Mas será no surf de piscina. Não no surf do mar. Esse, justamente por toda aventura e sintonia com as ondas cósmicas e naturais do mundo, é que fazem do surf um esporte especial.

As piscinas virão, e a tecnologia pode alavancar o surf para o patamar de esporte olímpico, rico e respeitado, com grana e visibilidade para os atletas.

Gostem ou não, esse parece um dos caminhos para o futuro do surf competição.


AS PISCINAS COM ONDA QUE JÁ EXISTEM

Hoje temos diversas piscinas com onda funcionando do mundo. Algumas só para banhistas, e algumas com ondas boas e bem surfáveis. No geral, são projetos muito caros e com um custo de construção e manutenção altíssimo. Mas já são uma realidade.

OCEAN DOME – JAPÃO


SUNWAY LAGOON – MALASIA


SIAM PARK – TENERIFE


TYPHOON LAGOON – DISNEY


VALLEY OF WAVES, SUN CITY, SOUTH AFRICA


FLOWRIDES



ALGUNS PROJETOS INTERESSANTES

Existem muitos projetos e idéias criativas tentando produzir ondas artificiais de qualidade. Segue aqui alguns desses projetos que estão na web.


www.webberwavepools.com


http://www.liquidevolution.com



Por: Dadá Souza

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