21 de maio de 2013

Jordy Smith vence o Rio Pro 2013

Jordy smith foi o preferido dos juízes e levou o título do Rio Pro 2013. Foto: ASP/Smorigo


Textos e Videos: Dadá Souza

O surfista sul-africano Jordy Smith foi o grande campeão do Rio Pro 2013. Essa foi a terceira vitória de Jordy no tour da ASP, e a primeira fora de casa. O brasileiro Adriano de Souza ficou com a 2ª colocação no evento e está mais uma vez na liderança do ranking mundial da ASP.
O Billabong Rio Pro 2013 começou dia 09 de maio e terminou dia 19 de maio, com todas as baterias acontecendo no Postinho da Barra da Tijuca. Ninguém parecia entender porque escolher o Postinho da Barra e suas ondas inconstantes em vez de privilegiar picos mais consistentes e com ondas melhores, como Saquarema, Itacoatiara, Prainha ou outras tantas ondas boas do Estado do Rio, mas a verdade é que as ondas estavam lá, e as notas altas também, o que comprova que o Postinho mais uma vez representou. Mas que colocar o evento na porta do prefeito e do governador do Rio foi uma opção mais “política”, isso foi. 
Ainda falando em políticas, é muito triste ver que as marcas continuam com essa prática medonha de não bancarem os eventos do próprio esporte de onde tiram seus (grandes) lucros. O evento do Rio, mais uma vez, quem bancou foi o Governo do Estado, e não a Billabong, mas essa levou todo o nome e a identidade visual do evento. Um caso clássico do protecionismo da ASP com as 3 grandes marcas do surf e também um caso clássico da famosa proposta Caracú, onde a Billabong entra com a cara e o governo do Estado entra com, bem, melhor deixar isso pra lá e ir direto ao evento.
O evento começou dia 09, com ondas grandes, quase todas elas fechando muito e com uma correnteza muito forte. Quem pegou as ondas certas pegou ótimos tubos e marcou notas altas. Quem escolheu mal, levou várias vacas ou somou médias bem baixas. O destaque ficou por conta de Kelly Slater, Adriano de Souza, Adam Melling e Gabriel Medina. Aliás, só um parênteses. Adriano de Souza, Kelly Slater, Gabriel Medina, Filipe Toledo foram os melhores surfistas do evento.
Nos dias 10 e 11, somente as meninas foram pra água, e a australiana Tyler Wright levou a etapa com um surf forte e muito consistente. E não foi só a australiana que deu um show, as meninas todas mostraram um surf afiado e rolaram algumas performances de deixar muito marmanjo com inveja. Só faltou um pouco de onda para as meninas, pois mais uma vez só colocaram as garotas na água quando o mar piorou..


E o Joel Parkinson? Parece que a lycra de Nº 1 pesou demais para o australiano, que não passou do Round 3 no Rio. Acabou eliminado por Glenn Hall em uma bateria sem muito brilhantismo. O atual campeão do mundo tem um 2º lugar (Gold Coast) e dois 13º (Bells e Rio de Janeiro). Que o cara é um monstro, ninguém duvida. Mas no Rio de Janeiro o campeão mundial deixou um pouco a desejar.

QUARTAS
O último dia do evento valeu todos os dias de espera, todos os dias de mar flat e de diárias caras na cidade maravilhosa. O Postinho amanheceu com praia lotada e com um verdadeiro show de surf nas quartas de final do evento.

Já na primeira bateria do dia, Adriano de Souza x Kelly Slater. Adriano é um dos poucos caras que mexe com o psicológico de Slater. E o nosso Mineirinho sabe disso e sabe como usar isso a seu favor. A cada onda surfada pelo Adriano, a galera gritava e vibrava na areia. “Mineiro! Mineiro!” Slater parece que se incomodou com isso e viu um inspirado Adriano de Souza o atropelar em frente a uma praia lotada. Como disse o Julio Adler em seu texto na Hardcore, Adriano de Souza venceu os últimos cinco confrontos contra Slater, e isso não é para qualquer um. Slater s´[o saiu da água muitos minutos depois e foi aplaudido pela galera na praia. Mineiro 15.33 contra 12.30 de Slater.

Na segunda bateria das quartas, Gabriel Medina x Adrian “Ace” Buchan. O australiano começou bem a bateria e parecia que ia fazer a mala do brasileiro quando Medina pegou um ótimo tubo e mandou um aéreo forte na finalização: um 10 perfeito! Tanto a galera quanto os jornalistas vibraram muito. Adrian veio na onda de trás, uma esquerda um pouco menor, poucos segundos depois, e pegou um tubo longo. Poucos minutos depois, Medina e Buchan se envolveram em um momento confuso. Adrian dropou uma onda boa da série e Medina, certo de que tinha a prioridade, dropou na frente de Buchan acabando com as chances do australiano fazer qualquer nota maior. Na minha opinião, Medina tinha mesmo a prioridade naquele momento da bateria, mas os juízes, que são pagos para isso, se calaram e nada foi anunciado ou explicado (como de costume nos eventos da ASP). Uma atitude de falta de respeito com o público, que ficou sem entender, com o australiano, que se sentiu prejudicado e sem explicações e com a imprensa, que ficou "boiando". Adrian Buchan ficou puto e na área de entrevistas jogou sua prancha quase acertando Gabriel Medina. Pura ganância de Medina, que muitas vezes abusa nas disputas de onda e em situações de interferência? Omissão dos juízes e da ASP? O fato é que Medina surfou mais e passou para a semi com 16.43 contra 14.93 do australiano.

Sebastien Zietz x Mick Fanning fizeram grandes apresentações durante o rio Pro e travaram um belo duelo na terceira bateria das quartas. Seabass vinha fazendo grandes baterias e deu trabalho para Mick Fanning. As médias de ambos os surfistas foram um pouco baixas (13.37 de mick e 12.37 de Sebastien), mas Mick fanning mais uma vez provou que é um cara que erra muito pouco, venceu Seabass e também carimbou seu passaporte para a semi.

Na última bateria das quartas, Jordy Smith x Filipe Toledo. Filipinho, que até então vinha sendo um dos melhores surfistas do evento, nada pode fazer diante de um inspirado Jordy Smith, que venceu o duelo por 17.76 a 12.37.

SEMI

Na primeira bateria da semi, um confronto que deixou a torcida brasileira em êxtase. Adriano de Souza x Gabriel Medina. Mais do que a vaga na final ou os pontos no ranking, essa bateria colocou em disputa os dois maiores surfistas brasileiros da atualidade. E diga-se de passagem, essa foi uma das melhores baterias do campeonato. A cada onda, a cada troca de posição, a torcida gritava como se estivesse no Maracanã. O talento de Medina e a competência e a raça de Mineiro são incontestáveis. O fato é que apesar de toda vontade de Medina em vencer Adriano e provar que é ele o melhor surfista brasileiro, foi o Mineiro levou essa bateria e a vaga na final. Mal saiu da água e Medina já voltou pra água para descarregar toda a sua frustração em um freesurf desconcertante. 

Na segunda bateria da semi, Jordy Smith x Mick Fanning. Essa não foi uma bateria de muito brilho, o mar estava um pouco pior e quem aproveitou melhor foi Jordy smith, que estava um pouco mais determinado e venceu Mick Fanning por 14.83 a 8.26

FINAL

Adriano de Souza x Jordy Smith. O furacão brasileiro contra o tornado sul-africano. Apesar da enorme vantagem de Adriano, que já havia vencido Jordy Smith muitas vezes, nessa final o campeão foi mesmo o grandulão da África do Sul. Jordy mostrou o seu melhor surf nessa final e, ao contrário do que muitos falaram, ele realmente venceu a grande final. Tá certo que seu 9.33 foi realmente muito exagerado para uma onda de uma manobra só e um aéreo nem tão alto e nem tão difícil, mas de qualquer forma ele ganharia essa bateria  e o campeonato. 

Essa foi a terceira vitória de Jordy no tour, e a primeira longe de casa. Mineiro ficou com a 2ª colocação, mas saiu da etapa brasileira aplaudido de pé e com a liderança do ranking mundial. Essa foi a segunda final consecutiva de Adriano no Tour, o que faz dele o cara mais eficiente desse início de campeonato.

Slater venceu a primeira etapa do ano, na Gold Coast; Mineiro venceu a segunda, em Bells; E Jordy Smith venceu a terceira, aqui no Rio. Três etapas, três vencedores, e um inicio de ano bastante disputado.

Vale falar aqui da educação e da torcida do povo brasileiro, que torceu e muito tanto para os atletas nacionais quanto para os estrangeiros e aplaudiu de pé as boas ondas surfadas, independente da nacionalidade.

Todas as baterias botem ser assistidas no HEAT REVIEW 




BASTIDORES

A estrutura era bastante grande, e a princípio enchia os olhos, mas lá dentro não era tudo tão bonito assim. Alguns dos seguranças do evento eram os mais marrentos e os mais mal encarados de todo o WT, e às vezes parecia que eles tinham um certo prazer em barrar agressivamente qualquer um que não estivesse com a pulseirinha da cor certa. Aliás, malditas “pulseiras VIPs”, que privilegia convidados e amigos em vez de profissionais. Haviam VIPs demais para espaço de menos.

Jornalistas, fotógrafos e videomakers só podiam contar com o espaço reservado para a imprensa fazerem seus registros. Na praia as ondas volta e meia lavavam a galera e havia muita gente passando na frente das lentes. E nos lugares mais amplos, não era permitida a presença de fotógrafos e jornalistas (a não ser que você tivesse uma pulserinha verde). Todos estavam espremidos em uma plataforma que balançava demais enquanto as pessoas caminhavam. Nas fotos isso até que não atrapalhou tanto, mas para quem fez vídeo, foi ruim demais sentir o chão tremendo e balançando quando alguem passava. E não parava nunca de passar gente! Cerca de 300 pessoas estavam credenciados como imprensa. Haviam jornalistas, fotófragos, cionegrafistas e também fotógrafos de celular e jornalistas de facebook, sem falar na grande quantidade de gatinhas, lendas do surf e filhos de não sei quem que tinham acesso fácil à área de imprensa. Nos dias de chuva, deu pena de ver fotógrafos e cinegrafistas encharcados pela chuva que molhada TODA a área destinada aos fotógrafos. Eu quase fiz um registro dessa cena mas achei melhor não tirar minhas câmeras da mochila, primeiro para não perder meu equipamento de trabalho, e depois, para não expor os profissionais, que no mesmo instante em que abri a porta, me olharam todos com uma cara triste como se dissessem “onde viemos parar...”.

Outro ponto fraco desse evento  foi a internet para a imprensa. Simplesmente não funcionou direito e deixou muita gente na mão, sem poder acessar seus canais ou mandar material para os veículos. As marcas querem retorno de mídia, mas sem internet como isso é possível? Me desculpem os envolvidos, mas é completamente inadmissível um evento do porte do Rio Pro, que aconteceu em uma grande capital, não oferecer um serviço decente de internet.

O governo do estado já havia falado que patrocinaria o primeiro evento no Rio, mas que depois o pessoal da organização do evento deveria procurar por patrocinadores. Pois o governo já bancou o primeiro, o segundo e o terceiro evento no Rio enquanto a Billabong continua levando todo o nome e a identidade visual do evento. No Sul, em Santa Catarina, o governo já ciente da malandragem das marcas, diminuiu drasticamente o valor destinado aos eventos esportivos. Por lá, quem quiser fazer eventos, terá que pagar por isso. Se essa idéia pegar no Rio de Janeiro, a etapa brasileira pode balançar...

Lanche para quem passou o dia inteiro na praia fazendo imagens ou cobrindo o evento? Sem chance. Quem quisesse que fosse comer nos quiosques (caros e lotados) da Barra.  Kit com camiseta e boné do evento? Nem pensar. Os jornalistas que quisessem, podiam comprar na loja da Billabong com um desconto de 30% (??!!). Fui tentar pedir um kit desses para levar de presente para o pessoal de casa, mas não teve jeito. Mesmo sendo uma prática comum em todos os eventos do WT, no Rio nem isso rolou. Mas tudo bem, talvez eu só esteja sendo rabugento ou ranzinza, mas enfim, como dizia Geroge Orwell: "Jornalizmo é publicar algoque alguém não quer que seja publicado. todo resto é publicidade". Sei que é chato publicar coisas ruins, mas queria deixar claro que essas opiniões não são só minhas, escutei muita gente no espaços da imprensa reclamando bastante. Claro que a maioria não vai reclamar em suas matérias, pois seus veículos estão interessados demais nas verbas da Billabong, mas trabalhar sem estrutura, com uma internet ridícula e vendo dezenas de garotinhos e garotinhas desfilando na área de imprensa enquanto os profissionais da comunicação se acotovelavam para conseguir espaço, é no mínimo, desagradável. 

Aqui no Brasil, onde nosso povo paga uma nota para usar as bermudas de surf mais cara do planeta e bonés que custam mais de R$ 150, é triste ver algumas marcas sugando, abusando e inventando mil desculpas para não apoiar e nem patrocinar nada de relevante por aqui. Pior ainda, é ver essas mesmas marcas, que faturam milhões aqui no Brasil, deletarem importantes atletas de suas equipes e não pagarem seus próprios eventos com a velha desculpa furada de que a crise está afetando o setor. 

Reclamações a parte, a próxima etapa do tour acontece em Tavarua, Fiji, de 02 a 14 de Junho.

Resultado do Billabong Rio Pro 2013

1 Jordy Smith (Afr)
2 Adriano de Souza (Bra)

3 Gabriel Medina (Bra)
3 Mick Fanning (Aus)
5 Filipe Toledo (Bra)
5 Kelly Slater (EUA)
5 Adrian Buchan (Aus)
5 Sebastian Zietz (Haw)
13 Miguel Pupo (Bra)
25 Raoni Monteiro (Bra)
25 Alejo Muniz (Bra)
25 Ricardo dos Santos (Bra)
25 Messias Félix (Bra)
25 Gustavo Fernandes (Bra)

Ranking mundial do WCT depois de 3 etapas
1 Adriano de Souza (Bra) 18.500 pontos
2 Jordy Smith (Afr) 18.250
3 Mick Fanning (Aus), 18.200
4 Kelly Slater (EUA) 16.950
5 Taj Burrow (Aus) 15.700
6 Nat Young (EUA) 13.750
7 Filipe Toledo (Bra) 12.150
8 Joel Parkinson (Aus) 11.500
9 Michel Bourez (Tah) 11.000
10 Gabriel Medina (Bra) 10.000
22 Willian Cardoso (Bra) 5.700
23 Raoni Monteiro (Bra) 5.000
26 Alejo Muniz (Bra) 4.000

Um comentário:

  1. Boa Dada!!!
    Como sempre, mandou bem!!
    Parabéns pelo post e pela coragem em apontar os grandes sangue sugas do Surf no Brasil.
    La fora, neguinho pé no balde tem 6-7-8 adesivos na prancha e aqui as marcas vivem na onda "da crise"
    Parabéns!!
    Abraço Miguel Porto Alegre

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